O doce sabor dos Vinhos Licorosos » Aline OliveiraAline Oliveira O doce sabor dos Vinhos Licorosos » Aline Oliveira
Por Aline Oliveira

O doce sabor dos Vinhos Licorosos


Para que um vinho seja rotulado como vinho de sobremesa, é preciso que ele seja abundantemente doce e isso está longe de ser associado à adição de açúcar.

Quando falamos de vinhos de sobremesa, muita gente pensa em adição de açúcar, mas não é bem assim!

Você com certeza já pensou isso: que vinho de sobremesa é sinônimo de muito açúcar. Mas o açúcar desses vinhos está longe de ser um ingrediente adicionado ao mosto. Em nenhum vinho há adição de açúcar (ou pelo menos não deveria ter). Aqui estamos falando do açúcar da própria uva.

A grande quantidade de açúcar de alguns vinhos de sobremesa e licorosos é obtida através de um processo chamado de “Podridão Nobre”. Ele se dá quando as uvas, ainda nos vinhedos, são contaminadas por um fungo chamado Botrytis cinérea, que penetra na uva e suga seu suco deixando-a com leve sabor de uva passa.

Nem todas as uvas são suscetíveis à podridão nobre e nem todas as regiões conseguem proporcionar as condições ideais — é preciso um clima quente e seco. Ao contrário dos fortificados, o sabor adocicado dos vinhos de podridão nobre não tem origem na adição de água ardente de vinho. Já os icewine (vinhos produzidos com uvas congeladas), é uma outra opção para adquirir vinhos de sobremesa em regiões frias como Alemanha e Canadá, onde é possível o congelamento na própria videira.

Os vinhos de colheita tardia, como o nome já diz, são feitos com uvas mantidas na videira e colhidas depois do seu tempo comum. As uvas vão perdendo água, e vão criando o aspecto de uva passa concentrando uma quantidade enorme de açúcar.

Uma outra categoria de vinhos, ideais para acompanhar um Petit Gateau com um gelatto de caramelo, são os fortificados, mais conhecidos como Vinho do Porto – estes são produzidos apenas na região demarcada do Douro em Portugal.

O processo de elaboração do Vinho do Porto é a fortificação. Antes que todo o açúcar do mosto seja fermentado, quando já atingiu cerca de 6% de álcool, é adicionado aguardente vínica e a fermentação é interrompida, uma vez que as leveduras cessam seu trabalho acima de 14% de álcool. Estes vinhos são classificados como Ruby, Tawny, Reserva e Vintage.

Vinho do Porto é assim chamado pois seu escoamento era todo para a Inglaterra saindo do Porto do Douro em Portugal.

Ainda falando sobre os fortificados, temos o Vinho Madeira que é produzido na Ilha de Madeira em Portugal e é um vinho cozido, elaborado pelo processo conhecido como “Canteiro”, que nada mais é do que o armazenamento das barricas em uma parte alta da bodega, próxima ao telhado, recebendo o calor do sol. O vinho madeira pode ser doce ou seco.

As riquezas vindas de Portugal são muitas, temos também o Moscatel de Setúbal conhecido como “A Jóia Portuguesa”, amadurecido por um tempo mínimo de dois anos. Os vinhos que tenham no mínimo 5 anos, são classificados como “Superior” e rotulados com “Qualidade Destacada” e formam um exemplar de harmonia entre açúcar, álcool e frescor.

O Tokaji é considerado o vinho dos Reis!

Fortificados pelo mundo

No mundo dos fortificados não apenas de Porto vive o homem, temos rótulos como Jerez espanhol e o Banyuls francês. E encerrando o assunto de vinhos licorosos, vamos falar da NOBREZA dos vinhos de podridão nobre: O Tokaji húngaro e o Sauternes francês diretamente da majestosa Bordeaux.

É no outono da sub região de Bordeaux, em Sauternes, que é produzido o vinho de sobremesa por podridão nobre. Com sua elegância e toque marcante de mel, harmoniza muito bem com Foie Gras ou uma torta de chocolate com nozes e Marshmallow.

E é de Tokaji que estamos falando quando se trata de fechar com chave de ouro. Da Hungria, elaborado com as uvas Furmint e Háslevelû, surge o mais nobre dos vinhos licorosos. As uvas são infectadas com a podridão nobre, e os vinhos são classificados de acordo a quantidade de puttonyos, que são cestos de uvas com 25 quilos.

Quanto mais puttonyos, mais nobre (e mais caro) é o vinho. Uma garrafa Tokaji pode ter até 6 puttonyos. Os níveis de doçura são pautados pela quantidade de puttonyos adicionados ao vinho base.

A rainha Elizabeth é presenteada em todos os seus aniversários com uma quantidade de garrafas que correspondem a sua idade. E essas são garrafas são de 6 puttonyos, com 250ml cada. É nessa hora que penso: bem que eu poderia ser rainha!


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