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Por Aline Oliveira

Anarriê! Qual vinho escolher?


Pipoca, cuscuz doce e salgado. Paçoca, cocada, munguzá, mingau. São tantas as delícias juninas que a gente não para de ficar com água na boca. E não dá pra se esquecer das bebidas típicas: quentão, licor, cachaça com mel, vinho quente e tantas outras… E tem quem vá de cerveja e de vinho.

Mas, falando em vinho, qual seria o ideal para acompanhar todas essas delícias e ainda aquecer a chegada no inverno, além do forró?

O objetivo aqui é fugir das harmonizações clássicas de vinhos tintos tranquilos, ou, pensar que para cada comida diferente um vinho diferente. Vou simplificar sua vida e você só precisará escolher o estilo que mais combina com o seu paladar.

Sabe aquele Vinho do Porto Tawnny Reserva que você comprou no verão na sua viagem à Europa e estava só esperando as temperaturas caírem para poder degustá-lo? Chegou a hora! Abra!

Esta classificação de vinho, após o envelhecimento em madeira é transferido para barricas de carvalho francês. Consequentemente, e por ter um maior contato com a madeira, envelhece mais rapidamente. E, ao contrário do que acontece com o Ruby, sofre uma elevada oxidação e apresenta um sabor mais complexo de frutos secos, como figos ou nozes; tem coloração mais clara, é menos intenso e mais doce, e nota-se a presença da madeira. O Tawny pode envelhecer em garrafa durante décadas. Este é um vinho mais doce e aquele que reúne mais fãs dentro do público jovem.

E se você é daqueles que ainda vai adquirir, vão aqui outras opções de licorosos para adoçar, aquecer e brindar o seu São João:

Jerez: Ao contrário do Vinho do Porto, que pode ser tinto, branco ou até mesmo rosé, o Jerez é exclusivamente branco e é uma Denominação de Origem espanhola. No processo de elaboração desse vinho, as uvas são desidratadas após serem colhidas, onde são expostas ao sol (processo conhecido como pacificação), objetivando concentrar os compostos do mosto, principalmente em açúcares.

O Jerez tem uma característica bastante adocicada e isso favorece acompanhar os pratos típicos igualmente doces e ainda ser um vinho bastante diferente para acompanhar essa e outras festividades.


Sauternes: é mais um vinho licoroso nobre para brindar a noite de São João. Essa sofisticação em forma de vinho vem lá da região de Bordeaux, na França. Assim como o Jerez, o Sauternes é sempre branco, já que as castas de uva utilizadas para produzi-lo são Sémillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle.

No processo de elaboração, já em na fase final de maturação, as uvas  são atacadas por um fungo chamado Botrytis cinerea, ocasionando o que chamamos de podridão nobre. Esse fungo se prolifera na casca das uvas, rompendo o fruto, fazendo com que a água do fruto evapore, assim causando uma desidratação natural,  concentrando açúcares, ácidos e proporcionando grande complexidade aromática.

Servido a uma temperatura de 8°C acompanha bem os assados.


Late Harvest: em bom português quer dizer, Colheita Tardia, e é elaborado a partir de uvas colhidas sobremaduras. Onde naturalmente as uvas são desidratadas ainda no pé da vinha. Neste caso, as uvas não são atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, e são vinhos de igual qualidade e teor de açúcar residual comparado ao Sautérnes.

Quanto maior o tempo em que as uvas permanecem nos vinhedos, maior será sua concentração de açúcares. Experimente uma pequena dose desse vinho no café expresso ou para adoçar outros drinks a base do ouro negro.


E para finalizar, vamos abrilhantar o São João com Tokaji: o vinho dos reis não é fácil de encontrar, tem um preço bem elevado e um valor único para o povo da Húngria. É um vinho que está presente no hino nacional da Hungria, está presente na obra de Virgínia Wolf a Alexandre Dumas em “O Fantasma da Ópera”; e aparece estrelando no filme “Amadeus Mozart”.

Em seu processo de elaboração, o fungo Botrytis Cinerea ataca novamente mais um vinho alegante, penetrando nas uvas, exalando toda a água e murchando o fruto até atingir níveis de concentração extrema. Estes bagos botritizados, ou aszú, como são chamados em húngaro, e adquirem características únicas, como aromas específicos e um incrível equilíbrio entre doçura e acidez.  

Outra curiosidade é que as atividades vulcânicas do passado conferiram ao solo de Tokaj uma mineralidade incrivelmente rica, que pode ser sentida em seus vinhos.


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